quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Uma espécie de Café com Letras

Ontem recomeçou o Café Com Letras, uma das mais felizes e interessantes iniciativas da Biblioteca Municipal de Oeiras que há vários meses tem conseguido trazer todas as semanas uma figura das Artes para uma entrevista com Carlos Vaz Marques, numa conversa informal e aberta ao público.
Por volta das 22h e esperado por uma verdadeira multidão apareceu Ricardo Araújo Pereira.
Nunca o tinha visto ao vivo e apesar de já ter ouvido muita coisa acerca dele e de saber perfeitamente a sua qualidade enquanto humorista, as duas horas que se seguiram foram surpreendentes.
Que o RAP era divertidíssimo já todos sabíamos, mas revelou-se muito para além disso um homem muito culto, pelo menos no que toca à Literatura, um homem que sabe falar bom português, que sabe cativar um público, que se mostra crítico, coerente, oportuno e muito seguro dos passos que está a dar na sua vida.
Valeu a pena ter saído de casa para ir até à Biblioteca, sim senhores! Parabéns BMO, CMO e RAP!!

Ricardo Araújo Pereira, é também, acho que sem se dar conta, um contador de histórias encantador.
Ontem, a propósito de uma entrevista que certo dia fez a Adília Lopes, contou mais ou menos isto.
"Relativamente ao poema haiku de Adília Lopes, Os meus gatos / Gostam de brincar / Com as minhas baratas, dizia-nos RAP que confrontou a poetisa com uma análise inteligentíssima do mesmo:
RAP - Pois, o gato, o felino que há em mim, o crítico que há em mim, gosta de brincar com o meu lado mais repelente, com o meu lado mais obscuro e feio, o lado de barata.
Adília Lopes - Não, sabe... É que eu tenho gatos, e tenho mesmo muitas baratas... e os gatos gostam de brincar com elas."

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Três à grande... e à americana!

Denzel Washington e Russel Crow sob o comando de Ridley Scott = American Gangster, muito bom!!


See, ya are what ya are in this world. That's either one of two things: Either you're somebody, or you ain't nobody. Frank Lucas

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Atonement

Li o livro. Vi o filme. Revi o filme. Digeri Atonement durante uma semana para conseguir escrever qualquer coisa sobre ele que valesse a pena postar aqui.
Já olhava para Joe Wright com admiração desde Pride & Prejudice, uma das minhas histórias de eleição à qual o realizador deu a vida que o século XXI lhe pedia. Com Atonement tive a certeza de que Joe Wright está mesmo no caminho certo, se me permitem o trocadilho, apostando não só, mais uma vez, na adaptação de um belíssimo romance ao grande ecrã, como na participação de Keira Knightley no papel principal, como aliás em Orgulho e Preconceito. A (muito) jovem actriz a cada passo revela-nos porque é a escolhida para grandes filmes e porque é que mereceu a nomeação para o Oscar em 2006.
Portanto, Joe Wright, Keira Knightley e, obviamente, o romance fabuloso que Ian McEwan escreveu e me deixou apaixonada eram três grandes motivos para ir ver este filme. Mas muito melhor é quando percebemos que, se isso é possível, estamos a ver aquelas imagens que temos na cabeça e que pensámos que nunca veríamos em lado nenhum senão mesmo ali, na nossa cabeça. Wright conseguiu isso, como se tivesse captado uma imagem perfeita para cada palavra de McEwan.
Atonement envolve-nos à partida, junta-nos ao universo de Briony Tallis enquanto cada tecla apertada da sua Corona ecoa dentro de nós amparada por um piano que marca o ritmo alucinante de tudo o que se passa dentro da sua cabeça e da sua imaginação sem limites. Entramos no mundo desenfreado de Briony, única na pele de Saoirse Ronan que parece ler-nos e descobrir-nos cada vez que olha directamente para a câmara.
Num minuto percebemos onde está o fim dessa Briony e onde nos surge outra completamente diferente, there is no Briony, desfez-se naquela noite como tão efémera fosse uma nuvem. É aí que aparece Romola Garai, a pequena Tallis agora cinco anos mais velha, cinco anos de culpa e de remorsos que não deixam espaço para nada mais. É aí que percebemos a fatalidade do nosso próprio destino que muitas vezes não está ao nosso alcance, mas às vezes está somente na nossa cabeça e não damos conta dele senão quando não há nada a fazer. A desordem interior de Briony contrapõe-se no ecrã por uma ordem quase coreográfica e incomodativa, a impotência e incapacidade que afinal temos para resolver os nossos próprios erros e que se camufla com uma racionalidade fria e demasiadamente consciente. O espectador sente-se encostado à parede, entre a vontade de detestar Briony e a angustia por vê-la castigada toda a vida.
Briony é o grande motor de Atonement, é a causa e a consequência de tudo o que acontece na história. Mas há que reparar também em James McAvoy, a grande surpresa do filme, que se soube desenvencilhar como um grande actor nas cenas que comanda, que soube falar pouco mas dizer muito, que soube deixar o espectador na constante e inevitável sucessão de perguntas que nos surgem ao longo de duas horas.
Desengane-se quem pensa que este é apenas um filme sobre o amor, está muito longe disso. Sim, Atonement fala-nos de uma história de amor, mas fala-nos sobretudo de quão longe estamos de poder comandar a nossa vida conforme os nossos desejos e vontades, quão pequeninos somos ao pé de um universo que não pára e fala-nos do maior castigo, aquele que impomos a nós próprios e que nenhuma prisão física pode superar.
O filme, bem como o livro, é duro, é explícito, visceral mas simultaneamente encantador, onde cada imagem, cada gesto e cada palavra nos recordam o som cru de uma máquina de escrever e ao mesmo tempo o compasso de uma peça de Debussy que não queremos parar de ouvir e traz à superfície cada sentimento mais recôndito. Um paradoxo talvez, como muitos existentes no filme, o espectador passa 120 minutos de sobre uma ténue mas infinita linha entre ficção e realidade, entre expiação e esperança.
Joe Wright exibiu-se, como já li em algumas críticas... Concordo, concordo plenamente, fez tudo o que sabe fazer e que aprendeu de outros que sabem muito mais do que ele. Exibiu-se e soube exibir os outros, como o caso de Dario Marianelli (Pride & Prejudice, again...) que soube musicar todas as linhas do livro de McEwan e todas as imagens propostas por Wright.
Em Atonement nada ficou por fazer e o resultado foi um filme carregado de símbolos, de expressões, de vontade de nos fazer pensar e saber mais acerca disto e daquilo, e que apesar de dizer tudo ao espectador, nos deixa o desejo e a liberdade de imaginar como teria sido se... ou como teria sido se... Wright conseguiu a rara proeza de ADAPTAR um livro ao cinema sem desiludir o leitor, e ainda encorajar quem não leu a pegar imediatamente no livro, em busca de qualquer pormenor que ainda se pudesse acrescentar a Atonement.
Uma última palavra para Vanessa Redgrave, que em cerca de cinco minutos de filme, com um olhar profundíssimo, um tom de voz que poderia explicar toda uma vida e meia dúzia de palavras conseguiu fazer de Briony uma heroína, aquela que no fundo todos estavamos à espera, e nos mostrou como preferimos as coisas bonitas às coisas reais, somos, normalmente, muito mais felizes através daquilo que imaginamos e acrescentamos às nossas vidas.
E que mal há nisso, right?

sábado, 26 de janeiro de 2008

Hungary?? Is that a country?!?!

…I thought Europe was a country…

Ahahahah, não tenho mesmo NADA contra os americanos, mas lá que eles nos proporcionam momentos únicos é bem verdade!

Versão americana do Sabe Mais do Que Um Miúdo de 10 Anos?

Esses malucos, esses impostores! Agora a inventar uma palavra tão estranha como Budapeste, realmente que gente tão estranha essa que fala francês lá no país Europa!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Mas que é lá isto?!

"Unidade orgânica"
"Assembleia estatutária"

Duas expressões que não conseguirei ouvir nos próximos tempos sem me dar enjoos ao lembrar-me do cérebro pequeno e circular do Sr. Presidente do Conselho Directivo e daquele jovem de medicina dentária... como é que ele se chamava mesmo?! Ah, e alguém me consegue explicar o que é que ele lá estava a fazer?! É que depois de quase 12h de ter passado a reunião* ainda não consegui perceber.
No fundo, eu não consegui perceber quase nada do que se disse no Anfiteatro I da FLUL esta manhã.

Mãe: Então filha como é que ficou a história da re-estruturação da UL? Sempre vão acabar com a Faculdade de Letras?
Eu: (pausa), (nova pausa), (ainda mais uma pausa), (depois de 2 ou 3 minutos a pensar) Olha mãe... sinceramente não sei, não percebi.

* Na Faculdade de Letras da UL este conceito de reunião ainda não está bem definido.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Porquê?

O fim tem de ser mesmo assim?

And the nominees are...


Finalmente posso actualizar este post, foi com alguma ansiedade que passei a tarde mortinha por saber quem seriam os nomeados para a 80ª edição dos Oscars.

Melhor filme:
Atonement
Juno
Michael Clayton
No Country For Old Men
There Will Be Blood

Melhor Actor:
George Clooney (Michael Clayton),
Daniel Day-Lewis (There Will Be Blood)
Johnny Depp (Sweeney Todd The Demon Barber of Fleet Street)
Tommy Lee Jones (In The Valley Of Elah)
Viggo Mortensen (Eastern Promises)

Melhor Actriz:
Cate Blanchett (Elizabeth, The Golden Age)
Julie Christie (Away From Her)
Marion Cotillard (La Vie En Rose)
Laura Linney (The Savages)
Ellen Page (Juno)

Por enquanto os grandes vencedores são Atonement (alegria em mim) com 7 nomeações, tal como Michael Clayton e com 8 nomeações No Country For Old Men e There Will Be Blood, que aguardo ansiosamente que estreiem no nosso Portugal.
Ratatouille também está de parabéns com 5 nomeações, entre elas Melhor Filme de Animação e uma feliz surpresa para mim que adorei o filme, 3 nomeações para La Vie en Rose (a Marion merece e como!!).
Para ver a lista inteira clicar aqui.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Filmes da minha vida (I)

Há muitas coisas que ao longo da nossa vida, inevitavelmente, nos marcam. Pessoas, instantes, livros, filmes, músicas, imagens... E eu dou-me por feliz porque na minha ainda curta existência tenho um coração bem recheado de todos esses pedacinhos de vida.
Ontem, vi mais um filme que me marcou e que certamente ficará na minha memória para sempre, o filme, porque o cinema tem esse condão de "ser eterno enquanto dure" e o momento, por tê-lo partilhado com duas pessoas muito importantes para mim.

Hoje não vou dizer mais nada sobre Atonement, mas voltarei com uma página carregada de emoções, de palavras e revoluções da alma. Mas hoje não, hoje não me apetece muito estar aqui e hoje ainda quero guardar só para mim mais um bocadinho do que foi/é Atonement. Há dias assim, em que não nos apetecem muitas coisas, hoje é um desses.

Até lá espreitem aqui e VÃO ver o filme!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Duas sugestões para as noites de Janeiro














Bordertown, de Gregory Nava (2006) e Eastern Promises, de David Cronenberg (2007). Ambos nos mostram coisas que existem no mundo e nem sequer damos por elas, mostram-nos coisas duras, feias, violentas... Mas também nos mostram, e é isso que o Cinema tem de tão bom, que há sempre uma luz de esperança, por muito ténue que seja.
Em ambos, excelentes interpretações, dois filmes que valem a pena ver!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

The Assassination of Jesse James

Do alto dos meus 21 anos, como podem calcular, durante a minha adolescência (ok e agora tb) nutri um certo, vá, gosto, pelos atributos físicos do Brad Pitt, que venha lá quem vier, ele tem e muitos. Talvez inicialmente por isso, desde há muito tempo que via os filmes em que ele entrava e um que acabou por me marcar para sempre foi o Legends of The Fall.
Umas vezes melhor, outras vezes pior, acho que em todos os filmes ele foi crescendo como actor e como figura do cinema, tendo mesmo contribuído para algumas autênticas pérolas da Sétima Arte. Seja como for, julgo que quem viu um Thelma & Louise, ou quem viu o Brad nos seus verdes anos, não pensaria que ele chegasse aos seus 44 anos a representar, somente, Jesse James. Esse sim, verdadeiro ícone dos EUA, depois tornado ícone mundial.
Parece que não restam dúvidas e este senhor deixou mesmo os seus tempos de "Bread" Pitt e mostrou ao mundo que a carinha laroca fica muito aquém das suas qualidades enquanto actor.

The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford é um grande filme, em todos os aspectos e mais alguns. Bonito pelas imagens, duro pelas palavras e acções, fantástico pelas emoções que transmite. A começar assim, 2008 eleva a sua fasquia e as estreias que se seguem terão mesmo que surpreender.
Um aplauso ainda para Casey Affleck que finalmente saiu da concha e se está a revelar.

Muito bom!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Vazio

"Terror de te amar num sítio
tão frágil como o mundo..."
Volta depressa, por favor.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Músicas da minha vida (I)

A música tem efeitos mágicos, acho que em qualquer pessoa... Uma das que tem muitos, mesmo muitos, efeitos em mim, é Beatriz, de Edu Lobo e Chico Buarque. Por alguma razão este segundo senhor é um dos meus poetas brasileiros preferidos de sempre.


Olha
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
O rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha
Será que ela é de louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida

Para ouvir talvez a mais recente versão da música, clicar aqui!
Imagem: Il Busto, por Sandra Amicucci

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O fascinante mundo dos livros

Ler Atonement...

...na cama
...no sofá da sala
...no comboio
...no autocarro
...no trabalho
...à espera de alguém.

Estou a descobrir que Atonement é como a Coca-Cola, nas palavras de Pessoa: "Primeiro estranha-se, depois entranha-se!". É mesmo assim, Atonement é viciante.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ratatouille

Finalmente ontem consegui ver o badalado Ratatouille, único comentário: ESPECTACULAR!! Adorei o Remy e os seus amiguinhos e não me importaria de ter um chef daqueles a cozinhar para mim.
Depois de já ter ficado com uma larga imaginação à cerca das abelhas graças ao Bee Movie, agora é a vez dos ratinhos. Certamente que quando vir um ratito imaginarei toda uma vida secreta e subterrânea dos bicharocos, ok para além de um certo pânico também.

Se ainda não viram, vejam, porque merece. Mais uma nota 10 para a Pixar!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

FELIZ 2008!!!

Peço desculpa à xô dona Su por plagiar ligeiramente os seus votos de bom ano novo, mas não resisto.
I have a dream, a song to sing
To help me cope with anything
If you see the wonder of a fairy tale
You can take the future even if you fail
I believe in angels
Something good in everything I see
I believe in angels
When I know the time is right for me
I'll cross the stream - I have a dream
I have a dream, a fantasy
To help me through reality
And my destination makes it worth the while
Pushing through the darkness still another mile
I believe in angels
Something good in everything I see
I believe in angels
When I know the time is right for me
I'll cross the stream - I have a dream
I'll cross the stream - I have a dream
I have a dream, a song to sing
To help me cope with anything
If you see the wonder of a fairy tale
You can take the future even if you fail
I believe in angels
Something good in everything I see
I believe in angels
When I know the time is right for me
I'll cross the stream - I have a dream
I'll cross the stream - I have a dream


May it be like this for us all in 2008!! BOM ANO NOVO!